
ENSINO DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA COM MÚSICA: REFLEXÕES SOBRE A APRENDIZAGEM MÚTUA ENTRE APRENDIZES E UM PROFESSOR EM FORMAÇÃO
Tauy Zanfrilli Rinaldi
Giovana Nicolini Milozo
No decorrer do trabalho desenvolvido durante a oficina Conversação em Língua Portuguesa e Música Brasileira, em que foram trabalhadas questões linguísticas e de cultura, algumas questões de relevância foram geradoras de discussões referentes ao ensino da língua portuguesa a aprendizes falantes de espanhol (uma estudante argentina e uma colombiana) e de bengali (um estudante de Bangladesh) de nível básico. São consideradas a criação de um contexto de acolhimento para o ensino-aprendizagem de línguas e a importância do engajamento dos alunos no processo, bem como quais práticas docentes contribuem para o desenvolvimento de habilidades que favoreçam a comunicação em português e uma aprendizagem significativa. O objetivo deste trabalho é fazer uma análise reflexiva do processo de ensinar português por meio de música, tendo em vista as referências de estudiosos da Linguística Aplicada, como Almeida Filho (1993), e Kumaravadivelu (2005), concepções de práxis e desenvolvimento da habilidade de comunicação em uma língua estrangeira. Dessa forma, trazemos apontamentos sobre o desenvolvimento da prática como professor de PLE em formação por meio da exposição dessa experiência.
Palavras-chave: Comunicação; Música; Ensino-aprendizagem; PLE.
ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM EM UMA OFICINA DE ESCRITA DE PLE DURANTE O ENSINO REMOTO
João Aparecido Pagnoca Chinez
Rebeca dos Santos Sacchi
Ao debruçar-se sobre as Estratégias de Aprendizagem, diretas e indiretas, defendidas por Oxford (1990), o presente trabalho visa identificar quais delas emergem com mais ou menos frequência durante a experiência docente inédita no Ensino de Português Língua Estrangeira na Oficina de Escrita em Língua Portuguesa, nível “básico 1”. Trata-se de um dos níveis definidos pelo Centro de Referência de Português para Estrangeiros (CEREPE) e vivenciado em caráter remoto por dois alunos em formação e também professores do projeto “Ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE)” realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e vinculado ao Instituto de Línguas (IL), durante o segundo semestre de 2020. Além disso, pretende-se também relatar os desafios, dificuldades e aprendizados experienciados no processo de ensino remoto por meio de uma análise retrospectiva sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas na referida oficina, observando e refletindo potenciais aspectos a serem mobilizados para seu aprimoramento em edições posteriores. Por último, descrever os pontos de vista enquanto docentes durante a prática pedagógica desenvolvida, as impressões, as trocas interculturais de experiências e conhecimentos e, principalmente, os frutos obtidos ao final, recuperando e comparando a evolução do grupo nesse período.
Palavras-chave: Ensino de Português Língua Estrangeira; Estratégias de Aprendizagem; Ensino Remoto; Prática Pedagógica.
PROJETO CARTAS: RELATOS DE UMA EXPERIÊNCIA DE LETRAMENTO INTERCULTURAL EM CONTEXTO DE ENSINO/APRENDIZAGEM REMOTA DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS
Débora Camargo
Tabata Rodrigues do Prado Macedo
Este trabalho teve como pano de fundo a orientação e mediação do processo de ensino/aprendizagem do português de oito alunos estrangeiros – falantes de espanhol e de francês – dos cursos de pós-graduação da UFSCar, matriculados na disciplina de Ensino de Português para Estrangeiros: contextos e práticas. Os objetivos do trabalho eram: a) estimular a escrita do português brasileiro; b) minimizar o uso do português oral e informal em contextos de escrita formal; c) trabalhar a interculturalidade; d) ensinar estruturas linguísticas a partir da perspectiva comunicativa. A justificativa do trabalho tem por base o interesse dos alunos em praticar o português formal e escrito, visto que são estudantes de pós-graduação e essa modalidade de língua é um requisito para se desenvolverem em seus cursos. O percurso metodológico desse processo de ensino/aprendizagem amparou-se nas contribuições de Patrocínio e Rodea (2012), que apontam a relevância da reorganização do conteúdo aplicado no ensino de português para estrangeiros em ambiente de imersão. De acordo com as estudiosas, a otimização dos processos de ensino-aprendizagem de uma segunda língua em ambiente de imersão não deve ter a gramática como ponto de partida; antes, deve-se considerar o uso comunicativo-social da linguagem de acordo com os interesses e motivações da (o)s aluna (o)s. Nessa perspectiva, o projeto buscou articular o foco comunicativo à sistematização gramatical de conteúdos por meio de uma sequência didática (DOLZ, NOVERRAZ, SCHNEUWLY, 2003) que culminou no Projeto Cartas. O Projeto Cartas visava à troca de cartas entre alunos estrangeiros e brasileiros reais, inseridos em diferentes realidades. A escrita dessas cartas possibilitou trabalhar em sala, com os alunos, algumas estruturas gramaticais básicas. Após responderem a um questionário, com o objetivo de avaliar o trabalho desenvolvido, os alunos salientaram a evolução comunicativa nos processos de escrita e também a confiança adquirida na mobilização de conteúdos/estruturas gramaticais antes “evitados” ou escritos com certa divergência em relação às normas gramaticais/formais.
Palavras-chave: Ensino de português para estrangeiros; Escrita; Interculturalidade.
PORQUE NÃO BONITONO?: A DIFICULDADE DO ENSINO DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS
Ana Carolina da Silva
Izabel Cristina Vidotti
Desenvolvemos durante o segundo semestre de 2020 de forma remota a Oficina de Escrita em Língua Portuguesa para Estrangeiros – nível intermediário, contando com uma turma com em média cinco alunas frequentes. Atuamos com o objetivo de ampliar o domínio do uso do português dessas alunas e direcioná-las a construção de uma escrita formal e acadêmica, além de instruí-las sobre o funcionamento do exame para a obtenção do Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-bras). Nesta apresentação mostraremos as dificuldades apresentadas pelas alunas no uso do português formal e os meios utilizados para que elas compreendessem e assimilassem as diferenças existentes entre oralidade e escrita formal. Para isso, nos embasamos nos escritos de Almeida Filho (2012), que aponta que a língua serve para comunicação, mas também constitui o indivíduo em seu meio, Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), que propõem o modelo de trabalho sistemático em forma de Sequência Didática e Rozenfeld e Viana (2006) e sua natureza faseológica de aula. Com uma abordagem comunicativa, composta por trocas de ensino/aprendizagem durante os encontros síncronos, foi possível entender a dinâmica e necessidade das alunas. Através de nossa SD, dividida em três módulos (âmbito profissional, acadêmico e exame avaliativo), introduzimos conteúdos pautados em exemplos da língua em uso, por meios escritos ou audiovisuais e propostas de avaliação semanais, além de material complementar na ferramenta Google Classroom. Em todo o percurso da oficina nossa atenção esteve em entender as dificuldades das alunas com o português e sermos facilitadoras de seu processo de aprendizagem, para isso, fizemos uso de recursos humorísticos com “porque não bonitono?”, que é o elemento de inauguração de um português com muitas especificidades.
Palavras-chave: Ensino de Português Língua Estrangeira; Escrita-formal; Escrita acadêmica; Dificuldade no Ensino de Língua.
ELABORAÇÃO DE MATERIAIS NO ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA EXPERIÊNCIA EM ENSINO A DISTÂNCIA DE LINGUISTAS EM FORMAÇÃO
Beatriz Coelho Duarte
Bianca Hepp Mirisola
Pedro Henrique Calari Pinotti
O objetivo desta comunicação é compartilhar as experiências em ensino de português para estrangeiros obtidas pela ministração da oficina Conversação em Língua Portuguesa e Música Brasileira para nível intermediário durante o segundo semestre de 2020, viabilizada pela disciplina optativa Ensino de Português para Estrangeiros: Contextos e Práticas (EPECOPs), oferecida pelo Departamento de Letras (DL) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Especificamente, debateremos o processo de elaboração de materiais e atividades para o ensino remoto por linguistas em formação, através de estudos norteadores, trabalhados em aula com a professora responsável pela disciplina, como “A área de Português para Falantes de Espanhol no Brasil” (SCARAMUCCI, 2013) e "Planejamento de curso de português para falantes de espanhol: uma proposta de bases alternativas em contexto de imersão" (PATROCÍNIO; RODEA, 1990), considerando as variáveis que influenciaram tal processo direta ou indiretamente. A dúvida inicial levantada pelos professores foi: “como oferecer e praticar um ambiente efetivamente comunicativo para os seus alunos?”. Trataremos, a partir deste questionamento, de como se formaram as expectativas dos professores, algumas equivocadas – e por que não dizer muito altas? –, e como essas percepções foram sendo reformuladas ao longo da oficina. Os registros foram coletados a partir de observação de aula, gravações em áudio e vídeo e, posteriormente, reunidos para análise. O reconhecimento de uma abordagem efetiva de compreensão e discussão, por meio de uma ação participativa e de engajamento dos estrangeiros através de estratégias como a inclusão de novas mídias e interculturalidade por intermédio das artes, tais quais: formação cultural, música e dança, pôde ajudar a esclarecer as práticas dos professores em ambiente síncrono e, adequadamente, auxiliar na reflexão dessas práticas em busca do aprimoramento profissional.
Palavras-chave: Português como língua estrangeira; Linguistas em formação; Elaboração de materiais.
MATERIAIS E CONTEÚDOS SOCIOCULTURAIS NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ESTRANGEIROS
Ana Maria de Souza Gui
Gabrielli dos Santos Pereira
Este trabalho visa apresentar o sistema metodológico de elaboração de conteúdo, utilizado durante a experiência de ensino de português para hispanofalantes na Oficina de Escrita Básica, oportunizada pela disciplina de Português como Língua Estrangeira: contextos e práticas (EPECOP), no segundo semestre de 2020. Tivemos, enquanto ministrantes da oficina, a oportunidade de resgatar conceitos de teóricos como Patrocínio e Rodea (1990) e Rozenfeld e Viana (2019), trabalhados em sala de aula virtual, para melhor criar e oferecer materiais e atividades para nossas alunas. Além do ensino e sistematização gramatical, de suma importância no ensino de escrita de uma língua, é também fundamental que o material disponibilizado ofereça aos estudantes proximidade cultural e social da língua a ser adquirida. Ao utilizarmos de temas e conversações naturais do contexto de imersão em língua portuguesa, durante a oficina, fomos capazes de instigar curiosidades e dúvidas que antes as alunas não apresentavam. Foi de suma importância a participação de nossas alunas, contribuindo para que a dinâmica do ensino remoto fosse realizada com sucesso. Utilizando medidas preventivas devido a pandemia em que o mundo vive atualmente, não pudemos concretizar esses encontros pessoalmente e, apesar de ser algo extremamente diferente, não impediu que nossas relações entre professores e alunos não se firmassem.
Palavras-chave: Materiais; Conteúdos socioculturais; Português para estrangeiros.
PERCEPÇÕES INTERCULTURAIS E LINGUÍSTICAS MANIFESTADAS EM AULAS DE ASPECTOS DE CULTURA BRASILEIRA PARA ESTRANGEIROS
Elom de Paulo Andrade de Almeida
Este relato tem como objetivo expor as trocas interculturais realizadas na interação entre alunos estrangeiros do curso Aspectos de Cultura Brasileira, ofertado pelo Programa Idiomas Sem Fronteiras da UFSCar, e de que forma esses intercâmbios culturais permitiram a reflexão sobre os contrastes e as semelhanças existentes entre a cultura brasileira e a cultura dos países de origem dos alunos. O curso foi planejado com o intuito de apresentar particularidades do cotidiano brasileiro que compõem a cultura do país, abordando aspectos culturais e linguísticos a partir de discussões e atividades compreendidas em quatro temáticas: Estereótipos, Expressões Idiomáticas, Comidas e Choques Culturais. Durante os diálogos relacionados à cultura brasileira, os alunos também eram incentivados a fazer contrastes com sua própria cultura, o que permitiu demonstrar que alguns costumes e usos linguísticos considerados singulares do contexto brasileiro são, na verdade, compartilhados também por outros países, principalmente os da América Latina. Por outro lado, em meio às discussões sobre choques culturais, os alunos relataram experiências em que aspectos culturais e pragmáticos considerados naturais na cultura brasileira provocaram estranhamento e desentendimento em algumas situações, por serem costumes que fogem à sua realidade. Através das interações, os alunos puderam não só conhecer características culturais e linguísticas do contexto brasileiro, mas também realizar reflexões e identificar diferenças e similaridades entre a sua própria cultura em relação à cultura brasileira e à cultura de outros países.
Palavras-chave: Interculturalidade; Português para estrangeiros; Cultura brasileira; Choque cultural.
ENTRE CULTURAS E DISCURSOS: UM GUIA REFLEXIVO SOBRE ASPECTOS LINGUÍSTICOS E CULTURAIS NO ENSINO DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS
Larissa Peres Vitti
Julio Cézar de Souza
Luis Lucas de Nardo
Ao longo da experiência no Ensino de Português para Estrangeiros, foi possível uma compreensão de como a multiculturalidade nos materiais didáticos tem mostrado impactos não só nas situações de aprendizagem dos alunos, em sua aquisição e desenvolvimento linguístico, mas também em sua relação com a língua portuguesa enquanto segunda língua. Tais reflexões tiveram como irradiadores dois estudos de casos, que foram analisados ao longo do Curso de Português para Estrangeiro. Tais situações foram observadas em duas turmas, sendo elas uma do nível Básico, e outra do nível Intermediário, ambas com um público bastante heterogêneo, de diferentes nacionalidades, cada qual composta por, em média, sete alunos. Nesse sentido, durante nossa prática pedagógica no contexto de ensino remoto, percebemos o quanto o olhar concêntrico de cultura tem sido um problema abrangido pelas teorias e práticas em ensino de língua estrangeira. Sendo assim, a partir dos casos observados e por meio de nossas reflexões, pudemos constatar como o envolvimento com a questão cultural nos materiais didáticos impacta as experiência dos alunos, e como prática pedagógica, aliada ao viés da multiculturalidade, pode contribuir para amenizar os efeitos de um ensino pautado em estereótipos e romper com certas crenças que dificultam a aquisição linguística e o desenvolvimento do aluno. Para pensar essa relação cultural e linguística, utilizamos como embasamento as habilidades sistematizadas por Almeida Filho (1999) (produção oral e escrita; compreensão oral e escrita) associadas a livros didáticos para o Ensino de Português para Estrangeiros, como Avenida Brasil (2008) e Brasil Intercultural (2013), os quais analisamos e nos baseamos para a produção dos materiais durante o curso, compreendendo como esses mobilizam de maneira íntegra as competências linguísticas e culturais, obtendo maior sucesso na assimilação do aprendizado do português como língua estrangeira.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Interculturalidade; Material didático; Português língua estrangeira.
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: REFLEXÕES SOBRE ENSINO DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA COM BASE EM EPISÓDIO DE SERIADO
Suiane Bezerra da Silva
O presente trabalho teve como cenário o ensino de português para médicos cubanos que participaram do Programa Mais Médicos para o Brasil (PMMB). O PMMB foi instituído pela Lei n° 12.871, de 22 de outubro de 2013, e tinha por finalidade “formar recursos humanos na área médica para o Sistema Único de Saúde (SUS)”. O programa previa Módulos de Acolhimento e Avaliação, que contemplavam conteúdos relacionados à legislação do SUS, ao código de ética médica, à língua portuguesa dentre outros. Logo, o trabalho realizado se justificava pela necessidade de ensinar português aos médicos estrangeiros que iriam residir no Brasil prestando assistência à saúde. Os alicerces teóricos que embasaram a realização desta atividade se encontram no Ensino de Língua para Fins Específicos (ELFE), ensino voltado para necessidades específicas dos alunos. Com o objetivo de desenvolver a leitura e a compreensão de textos, praticar a pronúncia e a compreensão auditiva em português, além de trabalhar aspectos éticos no contexto médico, foi trabalhado um roteiro de série médica brasileira de televisão e seu posterior visionamento. O percurso metodológico foi constituído de 5 etapas: antes de começar a aula, professores fizeram a descrição do áudio de um episódio da série; em sala, alguns alunos leram, para a turma, o roteiro; em seguida, passou-se ao esclarecimento de dúvidas a respeito do vocabulário; a partir de então, os alunos puderam assistir ao episódio; por fim, questões foram levantadas pelo professor a respeito da conduta médica realizada na trama. As reflexões que emergiram da atividade foram: interesse dos alunos pelo tema, uma vez que se tratava de contexto médico; facilitação da compreensão oral do episódio, em virtude da leitura prévia do que se assistiria; conhecimento da ética e da conduta médica praticadas no Brasil; diminuição do filtro afetivo (KRASHEN, 1985), já que, em Cuba, as novelas brasileiras possuem grande aceitação e repercussão.
Palavras-chave: Programa Mais Médicos; Unidade Básica de Saúde; Ensino de Português Língua Estrangeira; ELFE; Série de televisão.